3 passos para preparar sua empresa para a Reforma Tributária
A Reforma Tributária já está aprovada e começa a transformar o sistema de impostos brasileiro pelos próximos anos. Mesmo com um período de transição que vai até 2033, a verdade é simples: as empresas que começarem a se preparar agora terão muito mais vantagem do que aquelas que deixarem tudo para a última hora.
Neste artigo, reunimos três passos práticos para ajudar sua empresa a se organizar desde já, independente do porte ou regime tributário.
Principais tópicos deste artigo
O que é a Reforma Tributária?
A Reforma Tributária é uma mudança ampla no sistema de impostos brasileiro, aprovada em 2023 por meio da Emenda Constitucional nº 132 e regulamentada parcialmente pela Lei Complementar nº 214/2025. Ela substitui vários tributos atuais — como ISS, ICMS, PIS, Cofins e IPI — por dois novos impostos sobre consumo: o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços).
O objetivo é simplificar um dos sistemas tributários mais complexos do mundo, reduzir a burocracia e tornar a cobrança de impostos mais transparente e previsível para empresas e consumidores.
A implementação será gradual: entre 2026 e 2028 entra a alíquota-teste da CBS; entre 2029 e 2032 ocorre a transição do ISS e ICMS para o IBS; e, a partir de 2033, o novo modelo passa a valer integralmente. Durante esse período, convivem regras antigas e novas, exigindo planejamento e adaptação das empresas.
A Reforma também trouxe novidades como o Imposto Seletivo, que incide sobre produtos prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, e a possibilidade futura de empresas do Simples Nacional optarem por recolher IBS e CBS separadamente — algo que ainda depende de regulamentação adicional.
Como preparar sua empresa para a Reforma Tributária
1. Revise o regime tributário da sua empresa
A Reforma Tributária mexe principalmente nos tributos sobre consumo — ISS, ICMS, PIS, Cofins e IPI — que serão substituídos por IBS e CBS. Por isso, o primeiro movimento estratégico é avaliar se o regime em que sua empresa está hoje continuará fazendo sentido nesse novo cenário.
Para prestadores de serviço, é provável que a carga tributária aumente, já que a alíquota unificada tende a ser maior do que a soma dos impostos atuais. Comércio e indústria, por outro lado, podem se beneficiar da eliminação da cumulatividade, aproveitando créditos de forma mais simples e transparente.
Esse é o momento ideal para realizar simulações de impacto e comparar quanto a empresa paga hoje versus quanto poderá pagar no futuro.
E o Simples Nacional?
O Simples Nacional foi mantido e continua sendo o modelo mais simples para micro e pequenas empresas. Mas a Reforma trouxe uma novidade relevante: a possibilidade de o empresário optar por recolher IBS e CBS separadamente, em vez de incluí-los dentro do DAS unificado.
Essa opção pode ser interessante para empresas que vendem para outras empresas (B2B), já que existe o entendimento de que esse recolhimento separado poderá permitir que o cliente aproveite créditos tributários — algo que não acontece quando tudo é pago via DAS.
No entanto, essa alternativa ainda depende de regulamentação mais clara. Não existem regras definidas sobre como essa escolha será feita, nem quando passará a valer. Por enquanto, tudo segue como está: quem é do Simples paga normalmente pelo DAS.
Para empresas no Lucro Presumido ou Real, a preparação deve envolver simulações mais profundas.
É essencial revisar a estrutura de custos, a cadeia de insumos e a forma como a empresa poderá aproveitar créditos no novo IVA (IBS + CBS). Dependendo do ramo e da margem, mudanças no regime podem ser estratégicas.
2. Organize processos, notas fiscais e controles internos
A Reforma Tributária não muda apenas os impostos; ela altera toda a lógica de funcionamento do sistema fiscal brasileiro. Isso significa que as empresas precisarão revisar processos internos, sistemas de gestão e modelos de emissão de notas fiscais.
Os sistemas que sua empresa utiliza hoje para emitir notas, controlar vendas e gerenciar estoques precisarão ser atualizados para lidar com as novas regras de IBS e CBS — incluindo destaque de tributos, créditos automáticos e mudanças nas obrigações acessórias.
Quanto mais cedo essa preparação começar, menor o risco de correrias e inconsistências lá na frente.
Além da atualização tecnológica, também será fundamental organizar cadastros e documentações internas. O novo sistema exigirá dados mais limpos e categorização correta de produtos e serviços. Isso inclui revisar NCMs, descrições, códigos fiscais, categorias de serviços e qualquer informação que possa impactar a tributação ou o aproveitamento de créditos.
Empresas que atuam em vários estados também precisarão mapear operações interestaduais, já que a cobrança “no destino” muda o fluxo de impostos e pode afetar a precificação e a margem de cada região.
3. Faça um plano de transição até 2033
A implementação da Reforma será gradual, e entender esse cronograma é essencial para planejar os próximos anos com segurança. A partir de 2026, entra em vigor a alíquota-teste da CBS. Entre 2029 e 2032, ocorre a substituição progressiva de ICMS e ISS pelo IBS. Somente em 2033 o novo sistema estará funcionando integralmente.
Essa transição impacta diretamente contratos e políticas de preços. Empresas que têm contratos de longo prazo — especialmente com fornecimento contínuo — precisam incluir cláusulas de revisão tributária, já que as alíquotas podem mudar ao longo do período. A precificação também terá que ser revisada de tempos em tempos para evitar perdas de margem.
Outro ponto essencial é acompanhar as atualizações da legislação. A Lei Complementar nº 214/2025 é apenas o primeiro passo. Muitas regras operacionais ainda dependem de decretos, portarias e instruções normativas. Estar atualizado fará diferença na tomada de decisão e na segurança jurídica da empresa.
Conclusão
A Reforma Tributária representa uma mudança estrutural profunda no sistema de impostos brasileiro. Mesmo com uma transição longa, se preparar desde agora significa evitar riscos, reduzir custos e aumentar a competitividade.
Revisar o regime tributário, organizar processos internos e planejar a adaptação com antecedência são passos fundamentais para atravessar essa transformação com tranquilidade.
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